7 desalentos
Bem aqui na minha terra,
Qui onde a terra rochou
Os hômi tira na marra
A roça de quem ralou
O que conquistei com garra
Tudo isso avoou…
Assim como um carcará
Era “latifundiário”,
Cabra bão esse não é,
Mas no meu imaginário
Há que se sempre tê fé:
Terra pra quem trabáia
E não que o lucro qué;
O meu sonhá é tão grande…
Sete foi aqueles ano
Os ano de muita dô
Que tudo foi pelo cano
E a fome me calô
Sem terra e sem comida
E mesmo sem cobertô;
Os verso foi que sobrô
Ai, como eu queria podê
Ir falá na casa dela
Era todo meu querê
Dizê meu amô por ela
É… apagou minha vela;
Pobre nem pode amá
Meu cantá agora é mudo
Minha plantação acena
Enfim, o que é isso tudo?
Papel me tira de cena
Malditos sejam os cercos
E esse poder do ter
Mais que eu cêis não trabáia
Então eu fui pra cidade
Arranjá meio de vida
E enfim conquistá Cida,
Dos sete anos de idade
Meu amor e margarida,
A luz do meu dia a dia
De muita dó e miséria
Nessas sete contilena
De muita pena e dô
Eu rogo ao meu senhô
Felicidades; dizemo
E sem mágoa, por favô
Sim, terra ao trabaiadô
Que assim seja; amém!