A gincana é de todos

A Gincana Solidária é um evento de grande complexidade que ocorre todos os anos no colégio. Há uma longa organização por parte dos alunos e professores, para que esse evento se torne um momento de descontração e integração da comunidade do Cotuca. Mas, afinal, será só isso o que a gincana representa?

O evento é uma iniciativa do Departamento de Humanidades, que solicita a colaboração de todos os professores e funcionários do colégio. Patrícia Trindade, professora de Educação Física e uma das organizadoras do evento, explica sobre o propósito da gincana para os docentes: “é uma possibilidade de desenvolver o seu objetivo pedagógico de forma interdisciplinar, em situações em que predomina o lúdico. Mas o lúdico comprometido com a educação. Cada professor de qualquer departamento traz sua contribuição ímpar, proporcionando a toda a comunidade do colégio (alunos, professores e funcionários) uma reunião, para uma atividade que desenvolva a solidariedade”.

Além da participação dos professores, já houve duas reuniões para discutir a organização da Gincana 2016 com representantes dos diversos alunos presentes. Essa iniciativa de integrar os interessados em participar, entender e discutir sobre o evento, continua com todos os alunos estando convidados a comparecer nas próximas reuniões que ainda não têm data prevista.

 

Participação dos alunos

Diversos assuntos foram abordados na primeira reunião, que ocorreu em março. Um deles foram as condições para que o evento não só alcançasse alunos do período diurno, mas também do noturno, que não se sentem estimulados a participar. Há um sentimento de exclusão quando o assunto é a participação dos alunos do noturno na Gincana e uma falta de vínculo e aceitação sentida por eles. “O noturno nunca teve oportunidade de ter uma equipe e é difícil o pessoal dos dois períodos conversarem”, afirma João Victor Bebiano de Lara, aluno de Eletroeletrônica noturno.

O primeiro passo para a solução desse problema é a iniciativa dos alunos do noturno na criação de uma equipe. “Desde o meu primeiro ano, quando eu e meus amigos entrávamos em alguma equipe da gincana, nos sentíamos excluídos, pois sempre nos falavam que já haviam selecionado anteriormente as pessoas que realizariam cada prova. Através de uma pesquisa do número de alunos que gostariam de participar, chegamos a 106 nomes”, informa João Carlos Lopes do Prado, aluno de Mecatrônica noturno, sobre a nova equipe que propuseram para a participação efetiva dos alunos desse período. Outra proposta dos alunos é a mudança do horário, que antes era das 8 às 17 horas e agora pretende-se  adiar em duas horas, o que facilitaria a participação de quem estuda à noite.

“A Gincana é muito importante, pois vemos uma união entre os cursos do diurno, e eu queria muito ver os do noturno inclusos nisso. Pra mim, hoje, a gincana só beneficia o diurno, e isso é injusto, pois somos uma mesma escola, diz Allan Clayton dos Santos, aluno de segundo Mecatrônica noturno 

 

A iniciativa foi bem aceita na reunião, mas diversos alunos mostraram dúvidas se não trará competitividade, ao invés de integração entre os dois períodos, caso haja uma equipe composta só por alunos do noturno. “Temo que a gincana fique mais competitiva neste ano com a equipe nova, mas isso tende a se estabilizar ao longo dos anos. O importante é dar voz a essa parte do Cotuca, que é o noturno”, expõe Pedro Valed, aluno de Informática diurno, que esteve presente na reunião. Já Igor Rodrigues, aluno de Mecatrônica noturno, vê a nova equipe como o início de uma integração: “representa uma quebra de preconceitos, já que quase nunca o noturno participou. Ter uma equipe só nossa vai mostrar que também somos alunos do Cotuca e irá unir os dois turnos.”.

 

“Eu acho que é algo que já deveria ter sido feito, pois a Gincana é um evento do colégio, então todos deveriam, desde sempre, estar na Gincana. Portanto, representa algo bom. No entanto, acho que o ideal seria as equipes serem mistas, tanto com gente do noturno quanto com gente do diurno”, afirma Érico Nogueira Rolim, aluno de terceiro Mecatrônica diurno, sobre a proposta dessa nova equipe.

 

A gincana na vida dos alunos

A abertura para que se discuta esse evento vem crescendo e mostrando-se essencial não só para a participação do noturno, mas para cada aluno individualmente, que, mesmo sendo do período no qual a gincana ocorre, acaba não encontrando sua função, e assim não participando efetivamente da Gincana. O ex-aluno José Carlos, que terminou o ensino médio no ano passado, percebeu uma crescente quantidade de alunos que têm deixado de participar do evento e expõem sua experiência: “participar não é apenas frequentar a escola nos dias de prova para não fazer nada, e sim, se engajar em ao menos uma das atividades propostas, torcer, vibrar, enfim, muito disso se perdeu com o descaso crescente e elevadas regulações que foram adicionadas nesses últimos 3 anos”. Apesar disso, a Gincana 2016 está começando com uma cara nova, com uma liberdade e inclusão dos alunos na organização, o que traz um grande crescimento e melhora ao evento.

 

Nas discussões feitas neste ano, houve rumores de que as equipes seriam formadas a partir de sorteios, para que, através de uma mistura, houvesse uma maior inclusão entres elas. Essa hipótese foi desmentida pelos professores, e, junto com os alunos, foi decidido que o critério de formação permanecerá o mesmo. Todavia, os professores organizadores enfatizam que, mesmo com a escolha livre das equipes, algumas provas podem forçar a participação de alunos de diversos anos e cursos, na tentativa de ampliar a participação efetiva nas atividades.

 

“A gincana é muito importante pra mim, é um momento indispensável, principalmente pra alunos novos, sendo uma ótima oportunidade de conhecer pessoas com os mesmos interesses que você. Além disso, é lindo ver como todos ficam entusiasmados com a parte da solidariedade, como a doação de alimentos e o trabalho voluntário. Posso afirmar com certeza que os três dias da gincana do ano passado foram os meus melhores dias de 2015, e espero que esse ano bata o recorde!”, afirma Pedro Valed, aluno de Informática Diurno, capitão da equipe vencedora, a Cobras, na Gincana 2015

 

A gincana leva aos alunos situações de organização e controle que são fundamentais na vida adulta, explora habilidades que normalmente não são valorizadas, estimula a solidariedade, a inclusão e nos aproxima como uma grande família que passa por conflitos, aprendizados e por muitos momentos inesquecíveis. “Sendo capitão, você tem diversas responsabilidades e isso te ajuda muito mais tarde. Ter que ir atrás de patrocínio, administrar esse dinheiro, cuidar da prova de busca e das inúmeras outras, realmente te faz mais responsável”, afirma o ex-aluno Lucas Gigo, capitão da equipe Aztecas na Gincana 2015.

A aluna Julia Montoro, capitã da equipe Calangos, também se entusiasmou muito com o evento no ano passado: “o melhor ponto positivo de todos pra mim, sem dúvidas, foi um momento que ocorreu no último dia de gincana, onde nós da equipe Calangos reunimos na quadra todos os integrantes presentes (mais de 100 alunos, provavelmente) e, além de puxarmos os gritos de guerra, cantarmos nosso hino, pudemos também agradecer por estarmos juntos, por ter criado esse espírito de união. E naquele momento acho que todos sentimos que fazíamos parte de algo muito especial e maior, com um objetivo além da competição. Pudemos interagir, conhecer pessoas, fazer novos amigos, e, sem sombra de dúvidas, deixarmos marcas na nossa memória e na de outras pessoas. Os veteranos naquele momento compartilharam histórias antigas. Explicamos coisas que levávamos como lema e tradição na nossa equipe, como uma família.”

A organização da Gincana Solidária 2016 iniciou-se com a participação de alunos e professores, e levantou a questão da inclusão da comunidade nesse evento. Logo, é de grande importância o interesse de todos nas reuniões propostas, e nos assuntos debatidos, não só em relação à Gincana, mas em todos os debates relacionados à escola, para que a cada ano a comunidade do colégio esteja mais unida e aproveite esse evento que envolve assuntos da vida cotidiana, explora o trabalho em equipe, a solidariedade, a independência e a responsabilidade dos alunos ao se organizar, além de ser um momento de descontração em meio à grande pressão do colégio.

 

2 Comentários

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Editorial – 3ª edição – Conexão Cotucaresponder
abril 16, 2016 em 02:04 PM

[…] sobre os estágios; André Piau e Giovanna Batalha apresentam as novas propostas para a gincana 2016; João Ruffatto e Giovanna falam sobre os novos representantes discentes da […]

Gincana 2016: Um olhar para a segregação – Conexão Cotucaresponder
agosto 30, 2016 em 12:08 AM

[…] envolvendo alunos e professores. Conheça um pouco mais sobre ela acessando o artigo: “A Gincana é de todos”, escrito por André Piau e Giovanna […]

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