Circulando Histórias: Prof. Henrique
Somente nós, alunos, somos capazes de saber a diferença que uma simples aula pode trazer em nossa exaustiva rotina diária, dando força e tranquilidade para continuar nosso dia. E é assim que me sinto todos os dias quando estou na sala com o professor José Henrique Antunes de Vasconcelos, conhecido no Cotuca apenas como professor Henrique.

Prof. Henrique divide a paixão de dar aula com outros dois hobbies: viajar e ouvir música. Em suas aulas, é comum que ele coloque fotos dos lugares por onde passou ou uma música para seus alunos, a fim de levar um momento de descontração para a sala, mas sempre havendo uma curiosidade ou informação sobre o assuntos que estamos discutindo.
“While My Guitar Gently Weeps”, The Beatles. Uma das músicas preferidas de Henrique.
Entretanto, suas viagens demoraram para começar a acontecer. Elas eram muito caras na época em que era pequeno, como conta:
“Existe a viagem física, na qual nos deslocamos fisicamente de um lugar para outro, e a viagem imaginária, aquela em que nos imaginamos em outro lugar qualquer. […] A minha alternativa então era viajar pelos livros (não havia internet) e ficar imaginando novas paisagens e culturas diferentes. As saídas eram tão raras, que, quando aconteciam, eu aproveitava para observar cada detalhe do passeio, do trajeto até o seu destino final. Isso, talvez, tenha alimentado o meu interesse pelos fatos geográficos.”

Quando decidiu cursar Geografia, Henrique ainda tinha descoberto pouco sobre o mundo. Com exceção de uma passagem pelo Rio de Janeiro, ele mal havia saído do estado de São Paulo, onde teve sua primeira viagem à cidade de Santos. “Quando eu era pequeno, saía muito pouco da região de Campinas. O meu pai trabalhava muito e, quando tinha uma folga, ele preferia passar o tempo em casa com a família.”
Hoje, já formado e trabalhando, tem condições de organizar suas próprias viagens, normalmente acompanhado, usando toda sua experiência para tornar o passeio ainda mais interessante e, também, para aprender com ele, absorvendo novos conhecimentos para levá-los a seus alunos. Esse aprendizado começa antes mesmo da viagem. Ele costuma estudar e ler sobre o local e a cultura do destino para onde vai viajar:
“Sempre que viajo, presencio situações novas e aprendo muito, me preocupo em registrar esses conhecimentos para depois repassar aos meus alunos. Além disso, busco estudar um pouco mais sobre os locais por que pretendo passar ou visitar. Acho isso essencial para qualquer viajante.”

Henrique observa que muitas pessoas viajam com o objetivo único de comprar e trazer malas cheias de produtos importados, ignorando toda a cultura, as pessoas e seus espaços. Quando realiza suas compras, ele acha importante que se valorize a cultura local. Para isso, traz suas lembranças de feiras de artesanato ou de pequenos comércios da cidade. “[Os viajantes] passam a maior parte do tempo em centros de compras, adquirindo produtos em lojas de grandes marcas. Não incentivam o pequeno comércio local e, além disso, desprezam o conhecimento que poderiam adquirir.”
Apesar de nunca ter planejado uma viagem para presenciar eventos locais, o professor acha importante vivenciar o cotidiano do local, em atos civis, a fim de entender como cada sociedade reage e se comporta. Assim como ocorreu com ele, em 2005, quando estava na argentina durante uma mega manifestação popular em Buenos Aires contra o governo.

Para ele, o conhecimento de uma nova cultura sempre se trata de um troca. Assimilar ou participar dela, realizando uma dança folclórica ou participando de uma canção, por exemplo, pode ser algo enriquecedor, assim como sempre acabamos deixando algo da nossa cultura com eles também.
Henrique me contou sobre sua viagem para Cusco, no Peru, onde viveu uma experiência inesquecível. Em contato com uma aldeia indígena local, ele observou o diferente e curioso ritual deles no preparo do chá que foi oferecido. “Havia algo místico e hierárquico no simples preparo da bebida.”
Sua última viagem foi para dentro do nosso país, mais especificamente para a Foz do Iguaçu, no Paraná. Para o professor, não há uma preferência entre explorar outros países ou o próprio Brasil.
“Cada lugar tem a sua beleza e algo a nos oferecer. O Brasil é encantador, tanto do ponto de vista cultural, quanto nas paisagens. Gosto dos dois e pretendo ainda explorar outros cantos do nosso país.”

Além de um amante de viagens e da música, Henrique é escritor. “Só Palavras” e “Dobrando as esquinas” são a alma e a cabeça do professor. O primeiro é um livro de crônicas, em que ele revela experiências de suas viagens, citando algumas pessoas que realmente fizeram parte de seu trajeto, mas também traz uma série de reflexões e pensamentos sobre as vidas e as situações que passamos. O segundo foi escrito totalmente através de sua imaginação, criando personagens e usando de seu conhecimento para criar pequenas histórias, citando todos os países do planeta.
“’Só Palavras’ é um livro de crônicas e, em certos momentos, eu revelo algumas experiências vivenciadas em algumas das minhas viagens. Já em ‘Dobrando as esquinas’, eu aproveito também o meu conhecimento sobre os lugares que visitei, somado ao meu conhecimento teórico de geógrafo, mas, sobretudo, exploro a minha imaginação, criando personagens em lugares em que nunca estive, já que os contos incluem todos os países do planeta.”
Com suas experiências e seus livros, Henrique sempre traz às aulas curiosidades e histórias que enriquecem os conteúdos e tornam sua aula divertida. Sua aula faz com que a Geografia não seja só mais uma das disciplinas do Colégio, mas tenha um sentido real em nossas vidas, tornando-o um professor especial.
#DicaDoProf
Durante sua conversa comigo, Henrique deixou uma dica para todos amantes de viagens assim como ele.
“Para os menos experientes, eu sugiro viagens para lugares com maior estrutura turística e com guias. De preferência, dentro do Brasil ou para países próximos, como Uruguai e Argentina.
Para viajantes em geral, eu sugiro a Europa. Há uma infinidade de países diferentes e de lugares interessantes para se visitar. Além disso, o continente oferece uma ótima estrutura de transporte e muitas opções de hospedagens.”

2 Comentários
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Gostaria de agradecer ao Lucas Pedroso e aos demais envolvidos pelo artigo publicado. Parabéns a todos pela organização do belo texto e da matéria. E obrigado pelo carinho das palavras, esse tipo de manifestação me motiva ainda mais a continuar na profissão de educador e a participar da formação de meus alunos.
Prof. Henrique
Parabéns Lucas!!! Que lindo texto. Henrique é isso mesmo, uma pessoa que muito nos inspira. Muito legal de sua parte, esse olhar diferenciado do seu professor, que te leva a refletir muito além da ementa curricular. Beijos e continua assim, isso te fará a diferença na vida.