Acabou…
Nós reclamamos muito nesses últimos três anos. Reclamamos das provas difíceis, das recs iminentes, das quantidades exorbitantes de exercícios para fazer, dos trabalhos exagerados, dos professores pouco compreensivos, da indiferença sobre questões importantes por parte do colégio. Reclamamos, reclamamos, reclamamos. O Cotuca podia ser considerado o grande mal das nossas vidas, o causador de todos os nossos problemas, ele era o grande culpado, e talvez continue sendo.
Por isso, seria hipocrisia da minha parte dizer que eu não esperava ansiosamente por isto, o dia em que eu poderia finalmente dizer adeus a todas as responsabilidades e compromissos do colégio, ou que eu não me sinto, no mínimo, aliviado em estar deixando o Cotuca. Mas, quando olhei um pouco mais a fundo e me dei conta de que este seria realmente o meu último dia de aula, fiquei triste, não sei por quê… Bateu um ressentimento, uma saudade de algo que ainda não tinha terminado.
Acho que odiamos tanto esse colégio nos últimos três anos que não conseguimos perceber que também o amávamos. Não sei você, mas eu tinha a sensação de que o Cotuca era infinito, imortal, que poderíamos xingá-lo o quanto quiséssemos. Podíamos odiá-lo ao máximo do máximo possível, mas ele continuaria sempre conosco, sempre ali, como parte da nossa vida, o bode expiatório eterno de todos os nossos problemas. Mas, finalmente, caiu a ficha de que está acabando, de que eu não poderei mais culpá-lo pelos meus problemas e de que não tenho mais tempo para perceber que, apesar dos pesares, eu gostava/gosto de estudar aqui.
Isso é triste, e até um pouco aterrorizante: o fato do colégio ter se infiltrado tanto na nossa vida a ponto de ser impossível enxergar uma vida sem ele. Uma vida sem o stress pré- e pós- prova de mateca, sem as aulas em roda de português, sem as mãos levantadas para ganhar pontinho nas aulas de sócio, sem a correria pra entregar os projetos do técnico, sem os vocativos característicos de cada professor, sem todas as pessoas, alunos e professores que fizeram parte da nossa vida nesses últimos anos. Uma vida assim parece inconcebível, inacreditavelmente… boa? ruim? Não sei, só inacreditável mesmo.
Mas essa realidade, aparentemente inacreditável, bate à nossa porta. Não temos como barrá-la, ela vai entrar e vai invadir nossa vida. Teremos que nos acostumar a viver sem o Cotuca, teremos que enfrentar o mundo. Me dá calafrios pensar nisso, um certo frio na barriga em me imaginar sozinho, enfrentando tudo o que vem pela frente. Mas aí eu lembro que não estou sozinho, que, por mais que eu deixe essa escola para trás, as amizades que eu fiz aqui, aquilo que aprendi aqui estará sempre comigo. Sempre haverá um pedaço do Cotuca dentro de mim, e, quem sabe, se não for arrogância demais pensar nisso, um pedaço de mim dentro do Cotuca. Por isso, mesmo estando extremamente angustiado com o meu futuro, eu sinto que, depois desses três longos anos, eu estou preparado para enfrentá-lo e isso eu devo ao colégio. Então, a última coisa que eu tenho a dizer antes de aceitar que acabou é: obrigado, Cotuca!
1 Comentário
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Já passei por isso e só resolvi com terapia, doeu de mais…