Painel do Leitor: Érico Pimenta
Há 29 anos e alguns dias nascia na cidade de Acari, vedete do seridó – a cidade mais limpa do Brasil – localizada no semiárido potiguar, Érico Santos Pimenta, que se apresenta como Érico Pimenta, filho de Maria Imaculada Felipe Santos e Benonil Peixoto Pimenta. A relação com o mundo das letras surgiu antes mesmo de seu nascimento, uma vez que o pai de Érico gostaria que seu nome fosse o mesmo que o dele, acrescido do agnome Junior, sua tia Corrinha não gostou muito e levou um livro da coleção o Tempo e o Vento de Érico Veríssimo para que sua mãe lesse na maternidade, sugerindo indiretamente a escolha de seu nome.
Sua primeira experiência de leitura ocorreu quando tinha uns oito anos de idade quando um representante comercial (leia-se vendedor ambulante), que vendia a enciclopédia Barsa passou na porta da oficina de seu pai (sua casa) e tentou vendê-la, não se recorda da argumentação do mesmo, mas lembra que ficou encantado. Por uma inviabilidade financeira seu pai adquiriu uma caixa com seis livros de histórias infantis. “Foi mágico… Foram os primeiros livros de minha biblioteca pessoal, e sim, eu ainda os tenho”, afirma Érico.
A valorização da leitura intensificou-se com os episódios do castelo Rá-Tim-Bum da Tv Cultura, ficava encantado com a biblioteca do Castelo, a quantidade de livros, o layout do espaço. Hoje sua biblioteca pessoal dispõe de 37 livros. “Na verdade deveriam ser 38, mas meu livro favorito nunca foi devolvido, mas meu amigo disse que ainda devolverá. Além do mais, minha irmã transcrevia letras de músicas das fitas K7 com canetas de gel, e a letra dela era linda”, afirma Érico.
Perguntamos ao Érico se ele já havia influenciado alguém a ler e parece que muitas pessoas passaram por seu caminho. “Aos sábados participava da Educação de Jovens e Adultos em um Projeto de Educação e Inclusão Social, PEIS, na Faculdade de Educação da Unicamp, coordenado pela professora doutora Sandra Fernandes Leite. Em uma de minhas socializações sobre as a estratégia argumentativa da Ressonância Discursiva interpretamos dois poemas “Ainda Assim Eu Me Levanto” de Maya Angelou e “No Meio do Caminho” de Carlos Drummond de Andrade para posteriormente verificar as manchetes de 18 jornais com a locução prepositiva “apesar da” crise. Ao término da aula uma de minhas alunas Lala (nome fictício) me pediu uma cópia do poema, pois gostaria de lê-lo para uma amiga que passava por dificuldades: “ele é lindo, ele é lindo…” (referindo-se ao poema). Além do mais, recentemente comecei a ajudar meu cabeleireiro a estudar legislação para concursos públicos”.
Seus livros favoritos foram descritos por ele mesmo, e parece que só Vidas Secas está disponível no acervo do Cotuca, infelizmente. “Meu livro favorito se chama Paciente 67, de Dennis Lehane, é uma obra sobre ficção policial que retrata os jogos de poderes envolvendo saúde mental e funções do Estado. Outro livro que gosto demais, estou na terceira releitura, é Vidas Secas de Graciliano Ramos, pois remeto-me às realidades desiguais do Brasilzão, a questão da subsistência humana, da tentativa de assujeitamento dos indivíduos e da retirada de direitos, meu capítulo favorito se chama A Festa e a temática da alteridade, o eu, o outro e os sentidos”.
Para fins não tão educativos (brincadeira), perguntamos quais eram as posições em que ele costumava ler e em quais lugares ele costumava comprar livros, por motivos de curiosidade. “Depende muito das circunstâncias: em pé no ônibus, escorado nas paredes, deitado na cama ou no chão de barriga para cima ou para baixo… Recentemente fui comprar uma poltrona dos Simpsons para minha sala, mas o preço era alto demais e não havia uma boa relação de custo-benefício, posto que ele não era confortável. Optei por procurar uma poltrona de leitura, de fato, mas para minha surpresa e desagrado o investimento seria muito maior e eu acabaria dormindo sobre tamanho conforto. Tracei o meu projeto verão (destoando das imposições sociais): instalar uma rede na sala da minha casa, pois além do menor preço, do conforto e da decoração eu poderia dormir nela também. Atualmente, maior parte do tempo leio na rede, mas ainda falta colocar uma luminária”, “Recentemente vi em algumas estações de metrô de São Paulo máquinas de vendas de livros a partir de R$ 2,00. A proposta é tentadora, mas é válido lembrar: cuidado com as estratégias de propagação ideológica e de caráter exclusivamente econômico”.
E pra fecharmos com chave de ouro, perguntamos “você compra livros em sebos?”, por que também é uma grande curiosidade nossa. “Recentemente descobri a existência de sebos, real! Por hora comprei apenas vinis neles, mas tão breve, ao findar minha pesquisa do mestrado, me aventurarei em um sebo na seção de impressos. Em livrarias, efetivamente, tenho muito cuidado para comprar livros, posto que há todo um layout e rotulagens como best-sellers a fim de impulsionar as vendas e propagar determinada ideologia. Logo, atento-me a obras da mesma coleção que já estou familiarizado e posteriormente adquirido pela internet. Há sites que entregam o livro em dois dias. Isto é fantástico! Detalhe: gosto de livros impressos, posto que quase nunca tenho energia suficiente no meu celular. Além do mais, evito os recursos distrativos dos aparelhos”.
3 Comentários
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Melhor PED! (Mesmo não aparecendo quase nunca)
Excelente matéria! Obrigada Érico pela disponibilidade e pela generosidade de dispor do seu tempo para nos presentear com uma parte de sua história de vida. Parabéns para a Giulia pela excelente escolha do entrevistado. Enfim, parabéns!
Menino muito inteligente, parabéns Érico Pimenta um abraço….