Esporte adaptado: Compreendendo as diferenças

Estamos a menos de um ano do início de um grande evento que acontecerá no Rio, em 2016, quando vários atletas de todo o mundo virão até nosso país competir em diversas modalidades esportivas, em busca da premiação máxima, a medalha de ouro. Mas não, não estou falando das Olimpíadas, e sim, das Paralimpíadas.

 

Desde de 1960, as Paralimpíadas reúnem atletas que possuem algum tipo de deficiência para competirem em busca da medalha tão sonhada. No Brasil, projetos de incentivo do Governo Federal, como a Lei de Incentivo ao Esporte e a Bolsa Atleta, e Estaduais e Municipais, como Fundo de Incentivo ao Esporte de Campinas (FIEC) e o espaço RS paradesportos, impulsionam os paratletas nessa batalha.

 

São 23 modalidades, entre elas atletismo, tênis, futebol, vôlei e muitos outras que passam por alterações, tornando-as viáveis para o deficiente.

 

Luis Fernado Cavalli, praticante de rugby adaptado,  explica as adaptações feitas no esporte, em que os atletas, tetraplégicos ou com algum nível de comprometimento nos quatro membros, recebem uma pontuação de 0,5 a 3,5, aumentando de meio em meio ponto, tendo um limite de 8 pontos por equipe, esta composta por 4 jogadores, para que o jogo seja equilibrado.

 

Modalidades e logo marca dos Jogos Paralimpícos Rio 2016. Foto: Reprodução (Rio 2016)

 

Porém, essa adaptação não deve acontecer somente dentro das modalidades. O país que receberá o evento deve também se preocupar com o dia-a-dia do deficiente que passará quase duas semanas na cidade sede, oferecendo hotéis, restaurantes e ruas preparados para dar todo seu suporte para acomodá-los.

 

Luis Fernado preocupa-se com a infraestrutura do Brasil para receber as Paralimpíadas 2016: “muito ainda tem que ser feito para que possamos dizer que o Brasil oferece boas condições de acessibilidade às pessoas com deficiência. Tanto no campo da acessibilidade física, quanto principalmente na atitudinal, ainda há um bom caminho para ser trilhado”. E reforça: “é claro que o Brasil não é o último país do mundo no campo da acessibilidade e da inclusão, mas estou certo de que também não é o primeiro”.

 

Na foto, Vinícius, mascote das Olimpíadas, e Tom, mascote das Paralimpíadas. Foto: Reprodução (Rio 2016)

 

Os jogos não representam somente a diversão para o público, mas também servem de motivação para o atleta, que muitas vezes faz da prática esportiva uma maneira de se libertar das restrições que a sociedade lhe impõe. Por outro lado, Marina Salerno, doutora em Educação Física e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ressalta que a prática também pode pesar de maneira negativa na vida do portador de deficiência. “O esporte pode ser vilão, pois, se visto apenas como alto rendimento torna-se excludente, já que poucos são selecionados para participar das grandes competições”. E conclui dizendo que “não podemos esquecer que o esporte é o que fazemos dele: inclusivo ou excludente.”

É importante trazer essa discussão para dentro do ambiente escolar e é justamente o que o professor de Educação Física do Cotuca, Luiz Seabra Junior, vem tentando fazer. Durante suas últimas aulas para os segundos anos, ele introduziu dinâmicas que simulam jogos adaptados com o intuito de fazer os alunos perceberem quais são as dificuldades enfrentadas por um deficiente físico.

A respeito disso, Luis Fernando diz que um dos motivos para levar esse debate aos alunos é o benefício que traz à formação deles como seres humanos, passando a compreender melhor as deficiências e a enxergar as diferenças com mais naturalidade, entendendo que as pessoas que possuem deficiências são, como quaisquer outras, detentoras de características próprias, mas também de muitas potencialidades que podem e devem ser estimuladas.

 

Vôlei Adaptado. Foto: Reprodução (Rio 2016)

 

Mais informações sobre as Paralimpíadas Rio 2016

Site do evento: http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas

Informações sobre ingressos: http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/ingressos

Data: 5 a 21 de agosto, 2016

 

Leia a entrevista completa com Marina Salerno e Luis Fernando Cavalli.

Compartilhe sua opinião