A nova grade de horários da tarde está dando certo?

 

O tema não é novo no Conexão Cotuca. Na sua segunda edição, em 2015, o jornal, discutiu a proposta de mudança na grade horária do período da tarde do colégio. Após um semestre da nova grade, o Conexão Cotuca ouviu alguns membros da comunidade do colégio, avaliando os resultados da proposta.

Lembrando

Como era: 6 aulas à tarde, iniciando às 13h e terminando às 18h15.
Como ficou: 5 aulas à tarde, iniciando às 13h50 e terminando às 18h15, com exceção das turmas de Enfermagem Vespertino e do 3o Alimentos, que começam as aulas às 13h mantendo 6 aulas no período.

A Comissão de Horários do Cotuca fez a proposta, entendendo que a nova grade  traria benefícios aos alunos que têm atividades em lugares diferentes e precisavam estar no colégio às 13h. Além disso, o novo horário possibilitaria outros benefícios, como o oferecimento de atividades extracurriculares no horário estendido de almoço, a redução do tempo ocioso dos alunos em “janelas” e a redução do ruído próximo às salas em aula.

 

Alunos do vespertino e conflitos de horários

Os alunos dos cursos vespertinos e dos cursos que participam de aulas em outras instituições realmente foram beneficiados. Eles agora têm mais tempo para almoçar e se dirigir ao colégio, já que muitos terminam as aulas ou atividades de estágio em outros lugares da cidade e se dirigem ao Cotuca de ônibus, de forma que uma hora apenas para o deslocamento não era o suficiente. “Para o nosso ano, é melhor para chegar e almoçar tranquilamente, já que ônibus na hora do almoço não é uma coisa tão comum de passar”, afirma Giovanna Flores, aluna do 2° ano de Alimentos.

Já para alunos do terceiro ano de Alimentos e do curso de Enfermagem Vespertino, para quem não houve mudança de horário, os problemas continuam. “Os maiores problemas que a gente enfrenta é em relação à fila do bandeco, porque nós temos um horário mais curto pra comer. A fila sempre está grande e muita gente corta. Não é sempre que deixam a gente passar na frente. Outro problema é em relação às atividades marcadas para o horário do almoço, que muitas vezes passam das 13h e a gente acaba não podendo participar”, diz Naiara Lima, aluna do 3º ano de Alimentos. Esses cursos têm uma carga horária de aulas que não se encaixa na nova grade, iniciando as atividades às 13h. “Às vezes algumas pessoas matam uma parte da aula pra poder participar, mas queríamos não precisar perder aula, até porque não é o certo”, diz Marina Sarri, também do 3º ano de Alimentos.

“Para chegar no colégio ou no estágio, que também começa às 13h, muitos alunos acabam se atrasando e perdendo a primeira aula, o que prejudica bastante, pois temos muito conteúdo para aprender”, disse Felipe Gabriel, aluno de 2° ano de Enfermagem Vespertino. Felipe também aponta que, pelo fato de Enfermagem Vespertino só ter aulas no anexo, eles se sentem isolados e geralmente não tomam conhecimento dos eventos do colégio, dos quais, assim como afirma Marina, não conseguem participar, pois ocorrem durante suas aulas. “Mesmo que houvesse a mudança para o nosso curso, acabaríamos chegando no mesmo horário normalmente, o que possibilitaria que nós participássemos das atividades extracurriculares”.

Para Ângela Salvucci, coordenadora pedagógica e integrante da Comissão de Horários, o problema desses cursos é temporário. A grade de aulas de Enfermagem Vespertino e Alimentos já foi alterada e os alunos que ingressaram neste ano no colégio não passarão pelos mesmos conflitos.

 

Melhor para atividades extracurriculares, pior para estudar

As atividades extracurriculares estão acontecendo com mais frequência. Graças a essa nova grade de horários, um período de almoço mais longo possibilitou a ocorrência de vários eventos (como a mesa redonda sobre a cultura do estupro e o Sarau) e cursos extras (como as aulas de redação, mandarim e o Observatório da Mídia). A nova grade oferece, ainda, a oportunidade de participar desses eventos e ter tempo de almoçar tranquilamente, diferentemente do ano passado, quando os alunos tinham que escolher entre sua refeição e o Sarau, por exemplo. “A gente conseguiu concentrar monitorias nesse horário (almoço), porque às vezes as pessoas tinham que ficar até tarde para fazer monitoria. Então, com esse horário das 12h00 às 13h50, todos já podem fazer monitoria ao longo do dia e ir para casa”, acrescenta Ângela.

Por outro lado, segundo Aline Almeida, representante discente na Congregação e aluna do 2º ano de Informática, reduzindo a quantidade de aulas vagas, o novo horário prejudica o tempo livre que os alunos têm para estudar, porque, no período de almoço, os corredores ficam aglomerados e barulhentos, desconcentrando-os. Porém, ao mesmo tempo, ela lembra que as atividades extracurriculares ficam bem conciliadas com o almoço.

Para o professor Célio André Barbosa, chefe do Departamento de Humanidades, o novo horário possibilita que os professores ministrem aulas extras para complementar as poucas aulas disponibilizadas pelo colégio. “Além disso, o prolongamento do almoço auxilia a diminuição do ócio dos alunos e, consequentemente, de barulho produzido por estes durante as aulas vagas, que foram reduzidas”.

Junto com o barulho, também se foram as aulas vagas e alguns alunos se viram bem prejudicados. “A mudança afetou o horário dos alunos que tinham ‘DP’, obrigando-os a trancar mais matérias, por conta da falta de ‘janelas’”, afirma Fernanda Sanches, aluna do 2º ano de Informática.

Para o professor Edson dos Santos, membro da Comissão de Horários do Cotuca, o problema das “DPs” é um processo pedagógico e não está relacionado com a grade horária, pois esta não contribui com a questão. “É falsa a ideia de que os alunos faziam ‘DP’ nas janelas que sobravam no horário da tarde, porque raramente batiam os horários. As chances dos alunos fazerem a ‘DP’ com cinco aulas à tarde ou com seis aulas é a mesma”, afirmou. Edson também disse que o problema em relação à entrada e saída dos alunos é pequeno em relação aos problemas que a mudança na grade procura resolver. “A Comissão de Horários ainda não fez uma avaliação oficial da mudança, mas, ao que tudo indica, ela parece estar atingindo o resultado esperado”, ressaltou Edson.

 

Proposta ainda em avaliação

Sobre a permanência do horário, Ângela afirma: “hoje, a  nova grade horária está acontecendo, e até agora os resultados têm sido positivos, até que haja uma manifestação, ou interesse de algum grupo, para que volte a se falar nesse assunto, com uma outra proposta. A escola não se fecha a discussões. Se vocês, alunos, tiverem uma proposta diferente, devem procurar a presidente da Comissão de Horários (Teresa Helena Portela), para que ela encaminhe essa proposta e ela seja colocada em discussão. A princípio, esse novo horário tem ficado, mas isso não significa que ele seja permanente”.

Outro ponto fortemente discutido por alunos do colégio foi a falta de divulgação desse projeto. Muitos deles ficaram sabendo por meio de terceiros e a discussão dessa pauta não foi muito valorizada.

A proposta para a mudança foi apresentada em uma das reuniões da Congregação no ano passado, ou seja, os representantes discentes já possuíam conhecimento do fato, mas ele não foi levado a um amplo debate com os alunos do colégio. No ano de 2016, as mudanças em relação à participação e diálogo com os representantes discentes já são perceptíveis. Novos representantes (que podem ser conhecidos na reportagem Congregação – representantes discentes 2016/2017) estão desenvolvendo maior diálogo entre os alunos e criaram mais canais de divulgação, realizando reuniões em que as pautas da Congregação são discutidas.

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